manobrar navios #1
deixar rastros
o que torna o meneio difícil:
1) relembrar conceitos html
2) botar a cara no sol
3) conciliar a proposta de registro com a aleatoriedade
4) dar boas-vindas pra um espaço que eu não sei bem o que vai se tornar
5) lembrar dos anos que eu não escrevi e o motivo.
há vinte anos eu estava por aí pelas interneta da vida, blogspot, fotolog e todos os publicadores disponíveis, registrando o mundo se revelar na minha frente, me revelando de volta, toda essa interação. era uma jornalista recém-formada, fotografava e escrevia literatura em grande quantidade. na época, eu tinha apetite pra crônica e poesia. outra coisa que eu tinha era o desejo de ser escritora e viver disso.
bem…
o blog que eu mantive por mais tempo foi, “diz ela que pensa”. ao batizar o meu endereço, entregava no subtexto: isso aqui é um espaço de experimentação, e os habitués toparam seguir comigo nesse pacto com níveis baixos de exigência.
aconteceu que fui lida por um cara por quem eu estava apaixonada, e eu ainda lembro da risada dele, meio que com dó. ele me fez achar tudo ridículo e sem propósito, toda aquela “exposição gratuita".
coisas que eu passei a questionar:
o blog,
o nome do blog,
a ideia de ter um blog,
o trocadilho que eu tinha feito na última publicação entre fricção e ficção. (esse questionamento remanesce).
passei uma madrugada deletando tudo, os posts, os rascunhos, qualquer rastro da minha blogueiragem. a pior reação para a pior violência que me permiti. recentemente, fui levada a pensar em arrependimentos. ter pagado pau pra um cara merda, pra dez caras merdas? uma mentira cabulosa? uma sociedade duvidosa no ramo alimentício, duas sociedades duvidosas? ter dado o primeiro trago no cigarro (não fumo mais, mas penso no marvado todos os dias)? não ter cultivado disciplina esportiva? ter alisado o cabelo aos doze anos? a única coisa que me veio, foi o tanto de tempo que eu não produzi literatura e ter buscado a validação EM UM CARA.
garota, mas que porra foi aquilo?, é no que penso agora. voltar ao compartilhamento íntimo sobre minhas leituras, meu processo de escrita, dar notícias do meus cursos, das minhas próximas produções, é resultado de um pouco de trabalho interno.
praticagem
deixemos de coisa, cuidemos da vida. eu tô preocupada em recuperar minha familiaridade com html e entender como é que eu vou comportar tanta aleatoriedade num espaço só.
como é que isso aqui funciona? será que eu entendi o conceito? como melhorar esse template? como eu faço o ambiente exclusivo? como faz pra tudo não virar uma grande misturança?
esperando o rebocador,
Jeovanna.


Escrever é desnudar-se. É um ato de coragem, que a gente, se pegar a carona errada, acaba desistindo de seguir nessa estrada.
Eu podia ler até as suas listas de compras. Que texto mais esperituoso e instigante.